Á nossa volta há sempre quem faça coisas erradas.
Por vezes juntamo-nos com
os amigos e dizemos mal disto e daquilo, de quem fez isto e de quem
fez aquilo. Há sempre alguém que não foi
suficientemente honesto, suficientemente corajoso, suficientemente
leal. Alguém que pisou outros para subir na vida, ou abdicou
dos seus princípios para obter uma vantagem, ou mentiu para
se livrar de um problema. Alguém que realizou mal o seu
trabalho.
Quando deixamos de ser
crianças, torna-se bem difícil viver! Caem sobre
nós tormentas vindas de fora e de dentro. Quantas vezes
sucede que os nossos actos se viram contra nós e se
agigantam e nos perseguem pela vida fora! Quantas vezes sentimos
saudade do colo da mãe, do braço forte do pai, da
humildade perdida que nos permitia aceitar que nos guiassem em cada
situação...
Viver é difícil.
É preciso resistir. E é preciso, também, ter
luz e força: saber o que fazer e ser capaz de o fazer. E
nós, que às vezes nos juntamos e falamos das
fraquezas dos outros, temos estado também em
situações que nos pediam algo de valentia, dignidade,
coerência com o que pensamos. E nem sempre fomos capaz de
fazer o que devíamos ter feito.
A felicidade continua a exigir de
nós comportamentos que não são
compatíveis com a facilidade. Não nos tornamos
felizes carregando num botão. É preciso subir
montanhas, insistir em esforços prolongados; acreditar,
até ao heroísmo, na lentidão. Por vezes,
reunimos todas as forças e não sabemos se aguentamos
até ao fim do dia.
Não é verdade que
possamos eliminar da vida as grandes contrariedades, as
decisões custosas, a doença, o esforço quase
insuportável, a dor física e moral, a morte. Seremos
felizes com eles ou não seremos felizes nunca. A vida
é de tal maneira que o homem deve erguer-se nela como o
castelo. Deve ser construído, pedra a pedra, de forma a
permanecer no seu lugar quando sopram ventos inesperadamente
fortes; de forma a cumprir aquilo que dele se espera, aquilo a que
se comprometeu, aquilo que o torna feliz.
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