terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A garota de coração partido.

A menina chorou mais uma vez, as lágrimas caindo em suas bochechas, as mãos suadas e o cabelo emaranhado colando no rosto. Seu coração estava fora do peito: quebrado, despedaçado e sem qualquer jeito de se consertar mais uma vez. A dor profunda irradiava de seu peito, e ela não parava de pensar nele. Naquele que um dia havia jurado amor eterno, naquele que um dia havia dito que os dois seriam para sempre felizes, que não importasse qualquer obstáculo, eles seriam um só, de qualquer maneira. No seu sorriso, estava escrito a maior amizade, a mais feliz e real do mundo. Lembrou de quando eles brincavam juntos, de quando seus corpos se uniam, de quando os momentos pareciam passar em segundos quando ele estava perto, de como sua presença deixava o seu dia colorido. Tudo agora era uma mera lembrança, algo que nunca mais ia voltar, algo que não existia mais. Nem para ele, e nem para ela. Talvez fosse uma mentira: talvez ele nunca tivesse a amado, talvez ele não tivesse a mesma consideração que ela tinha por ele, mas mesmo assim, aquela foi a mais bela e linda mentira que já viveu. Naquele momento, ele poderia estar com outro alguém, poderia estar com um sorriso no rosto, se esquecendo completamente dela, e os papéis seriam novamente invertidos. Ela era a garota de coração partido, e ele o garoto do qual tinha encarado tudo aquilo como um breve e passageiro amor. Ela sentia que deveria ter valorizado mais o tempo que passaram juntos, que deveria ter dito à todos o que realmente sentia, mas as pessoas pareciam não se importar, achando que era tudo uma bobeira, que um dia os dois seriam felizes juntos de novo. Eles não entendiam. Agora, cada vírgula fora do lugar parecia ser mais uma oportunidade para deixar o que eles passaram juntos de lado, para esquecer e fingir que nada nunca aconteceu. Olhou para sua cómoda, a fotos dos dois em um porta-retrato azul, os sorriso felizes e os rostos cheios de inocência e amor. Se levantou da cama, decidindo ser pelo menos, um pouco feliz. Aquilo já havia passado, aquilo nunca iria voltar, seriam, de agora em diante, apenas fracas lembranças. Daqui a alguns anos, ela estaria formada, teria filhos, arranjaria o marido ideal e iria sorrir ao se lembrar de tudo aquilo, de como estava sendo infantil. A campainha tocou. Ela se perguntou quem era. Um toque, dois toques, três toques. A pessoa insistia, e ela finalmente se deixou vencer, abrindo a porta indiferente, quando se deparou com ele. Seus olhos verdes, os cabelos desfiados, a camiseta branca que havia usado quando se conheceram, e o habitual sorriso tranquilo, cheio de importância e amor. Ele a segurou pela cintura, em um beijo longo e apaixonando, que pareceu cessar, finalmente, a dor que estava em seu coração e que sentiu por longos meses. Eles pararam, tocando o cabelo um do outro, os sentidos se acalmando.
―Pensei que você nunca mais fosse voltar.―Ela falou para ele, a voz doce em sua direção.
O garoto dos olhos verdes apenas sacudiu a cabeça. ―Eu nunca te deixaria, por nada. Por nenhuma dificuldade, por nenhum problema, por ninguém, mesmo que o mundo não queira, eu sempre voltarei. Sempre voltarei para os seus braços.
O dia acabou ali, enquanto ela se aconchegava em seu peito, olhando em seus olhos e compartilhando, novamente, o mesmo beijo.

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